domingo, 16 de março de 2008

A Páscoa e as suas origens.

“E certamente virá a haver um grande clamor em toda a terra do Egipto, tal como ainda nunca ocorreu, e como nunca mais ocorrerá.” (Êxodo 11:6)Depois do Faraó não aceitar de livre vontade a libertação do povo Israelita, Deus enviou várias pragas sobre o Egipto e só após a última e a mais dura (a 10ª) , o Faraó Merneptah, filho de Ramsés II, se decidiu por deixar sair o povo Israelita.

Qual foi essa última praga?
“...e terá de morrer todo o primogénito na terra do Egipto, desde o primogénito do Faraó que está sentado no seu trono, até o primogénito da serva que está junto ao moinho manual e todo o primogénito de animal.” (Êxodo 11:5)
Mas estando os Israelitas no Egipto, como é que a praga os não atingiria também a eles?

A época era (aproximadamente) entre 1212-1204 a.C. (Merneptah).
Havia nessa altura duas celebrações primaveris:
O sacrifício ritual de um animal para afastar o mal do lar e que pode ter estado relacionado com a migração de pastores nómadas para as pastagens de Verão.
O Pão Ázimo que era mais característico de uma população fixa. Era uma celebração comunal no início da colheita da cevada, o primeiro cereal a ser colhido.

Deus mandou os Israelitas matar um cordeiro ou cabrito de um ano e sem defeito, que comeriam assado no fogo e com pão ázimo, com as suas famílias, na totalidade, na noite prevista para a passagem do anjo da morte; e com o sangue do animal deveriam marcar as suas portas, para que essas casas e respectivas famílias não fossem atingidas à passagem do referido anjo da morte. Assim ficou instituida por Deus a celebração da Páscoa.
“E tereis de guardar esta observância como regulamento para ti e para teus filhos por tempo indefinido.” (Êxodo 12:24)
Nos tempos de Jesus, chegada a altura da Páscoa:
“Ele disse: Ide à cidade ter com certo homem e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo. Em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos.” (Mateus 26:18)
Isto aconteceu a 14 de Nisã do calendário Lunar, do ano 33 da Era Comum.
Ainda hoje é possível determinar a equivalência desta data.
Em 2008 o dia 14 de Nisã do calendário Lunar começa após o pôr do Sol de sábado dia 22 de Março do nosso calendário, sendo portanto nesse dia que se deverá celebrar a última ceia e não na quinta-feira dia 20 de Março.

Recordemos alguns pormenores da celebração dessa Páscoa (ano 33 E.C.):

Jesus dá diversas lições aos seus apóstolos, sendo a primeira, a humildade. Ele próprio lhes lava os pés. Ele afirma que o maior no meio deles é o que serve e não o que é servido.
Depois ele assume que as escrituras se cumprirão sempre, independentemente da vontade dos homens e diz para quem o vai trair, que o faça.

Ele próprio faz o novo pacto, ou seja, por aqueles que cumprirem as leis de Deus e seguirem as instruções que ele deixa (deixou), ele assume a posição do cordeiro e com o seu sangue vence por eles a praga da morte. E deixa um último mandamento:
"E, tomando o päo, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. " (Lucas 22:19)

Hoje em dia, diferentes igrejas optam por interpretações com pequenas divergências, mas há unanimidade quando se observa a repetição da Páscoa de Jesus (a última ceia).

Mas, seja qual for a nossa opção já pensaram, por exemplo, que:

A Igreja Católica Apostólica Romana celebra essa última ceia de Jesus na Páscoa de 33 EC, todos os dias e cada vez que acontece a celebração da missa.

O mesmo se passa semanalmente com a Igreja Evangélica ou Protestante.

Também as Testemunhas de Jeová o fazem anualmente, na data equivalente ao 14 de Nisã, após o pôr do sol.

A ressurreição é igualmente cultivada por todas as religiões Cristãs.
É a esperança que Jesus deixa clara ao vencer a morte. É a concretização da primeira profecia bíblica quando Deus promete retomar o seu propósito para com os seres humanos e vencer o mal. Recordemos:
“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3:15)
E se todos os dias deveriam ser Natal, porque não dizermos que todos os dias deviam ser Páscoa?

Será que esta questão não faz sentido?

Nas Escrituras Sagradas não há qualquer referência à celebração do Natal. A data do nascimento de Jesus não está determinada. Todos sabemos que 25 de Dezembro era uma data de uma celebração pagã. A celebração do Natal nessa data foi um mero oportunismo.

Em relação à celebração da Páscoa, acreditamos ou não na Biblia como sendo a Palavra de Deus? Acreditamos ou não na protecção de Deus ao seu povo? Acreditamos ou não na ressurreição de Jesus? E na nossa ressurreição?

Bibliografia:
Biblia Sagrada – versão com complementos – Frades Missionários Capuchinhos
Biblia Sagrada – versão contemporânea – João Ferreia de Almeida
Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas – Sociedade da Torre de Vigia
Guia Ilustrado da Biblia – J. R. Porter


Escrito no dia em que me solicitaram uma palestra sobre a Páscoa e suas origens.

Domingos António Cabral
Retalhos da minha vida