segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Na semana passada as provações continuaram...

Eu sempre senti que quanto mais falo das Escrituras a mensagem delas se torna mais visível, mais clara, aos meus olhos e ao meu entendimento.
Na quinta-feira passada estive quase uma hora a falar das Boas Novas de Jesus e a explicar pormenores das Sagradas Escrituras. Foi um tempo edificante. Mesmo quando explicamos a alguém, algo que dominamos, nós continuamos também a aprender. Sentimos a nossa fé firmar-se.

Claro que há uma entidade a quem não agrada esta nossa postura. Fica chateado com o nosso crescimento espiritual e furioso por o rejeitarmos e seguirmos o nosso querido Mestre, Jesus. Estava a referir-me ao "inimigo", aquele que conhece Deus e que sabe que está condenado, que quando Jesus vier o seu reinado irá terminar de vez. Então tudo faz para nos abalar. E na passada quinta-feira, final do dia, ia eu tranquilamente numa ciclovia quando um automobilista, alegando que não me viu, atravessou a sua viatura à minha frente e eu não o conseguindo evitar, acabei a bater com a cara no chão. Sangrei muito, mas muito menos que Jesus. Sofri um bocado, mas nada que se compare ao que o Mestre sofreu. E no final, horas depois e depois de um TAC à cabeça, umas radiografias ao nariz e uma ida ao Otorrinolaringologista, nada tinha partido; somente alguns hematomas.

Uma conversa com o meu Pastor e Guia Espiritual e um pouco de reflexão sobre o assunto e ficou claro para mim que o inimigo magoa, mas Deus coloca a sua mão e quando não evita, ameniza o nosso sofrimento. E esses momentos que tantas vezes gostaríamos de evitar, acabam por ter um papel muito importante na consolidação da nossa fé. Nesse mesmo dia, no meu quarto, eu gritei bem alto com Satanás e disse-lhe que não levaria a melhor e orei ao meu Jesus, louvei-O, exaltei-O e agradeci-Lhe o estar sempre comigo.

No domingo fui solicitado para ler uma Palavra das Escrituras Sagradas e fazer uma oração. Li o Salmos 117, porque é uma exortação a todos para louvarem o Senhor e porque testifica a fidelidade do nosso Deus (o Único Verdadeiro) para com o seu povo. Depois durante a oração, a emoção embargou-me as palavras e tive que fazer uma pausa e reordenar os meus pensamentos. De regresso ao meu lugar, a emoção fez-me chorar. Sentei-me e chorei de alegria por sentir as minhas forças renovadas pelo meu Deus... E acredito que aquele irmão que me chamou para orar, agiu por acção do Espírito Santo, porque eu precisava desse choque para me desprender de vez desse acontecimento e seguir em frente.

Domingos António Cabral
Retalhos da minha vida

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Tive sede... E voltei a ter sede...

Na minha infância andei na catequese, mas pouco ou nada me ficou desse tempo. Por volta dos dez anos de idade e até aos quinze ajudava à missa. Nas leituras o padre lia excertos dos Evangelhos e eu das Epístolas. Achava aquilo uma enorme injustiça, o que eu mais gostava não era lido por mim. De qualquer das formas, os excertos dos Evangelhos deixavam-me sempre vontade de saber mais. Um dia questionei o padre, que me respondeu: "Se sentes vontade de saber mais, tens que ler os textos sagrados na íntegra e interpretar tu mesmo. Começa pelos quatro Evangelhos do Novo Testamento; pelo Evangelho de João que nas publicações é o quarto. Se tiveres dúvidas procura a resposta no teu coração, mas se precisares de ajuda vem ter comigo."

Começou então o meu contacto com as Sagradas Escrituras. Li os quatro Evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos e gostei. Logo na primeira leitura do Evangelho de João, quando cheguei ao Capítulo 4, versículos 10 a 14, senti a minha sede a ser saciada.
Mas com o tempo afastei-me e experimentei outras bebidas. Estávamos nos anos pós-revolução e eu na minha adolescência. Procurava o meu caminho. Um caminho para a minha vida. E voltei a ter sede.

Voltei ao Novo Testamento e aos Evangelhos. Já os tinha lido, mas quis voltar ao princípio e desta deparei-me com João 14:6 "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai senão por mim." (Palavras de Jesus). Voltei a sentir a minha sede saciada e encontrei o meu caminho. Mas passado mais algum tempo dei comigo a atravessar o deserto. Novamente à procura do Caminho. E voltei a ter sede.

Li então os livros de Moisés e tentei perceber a Lei. Fiquei fascinado com a paciência de Jó. Não me imaginava capaz de tal e fiquei um admirador deste personagem. Alguns se admiraram eu ter ousado ler este livro tão cedo. Em Daniel percebi o que era de facto a Fé inabalável. Nos Salmos encontrei e ainda hoje encontro uma fonte de encorajamentos e formulas de louvor que não nos deixam esquecer a grandiosidade de Deus e a pequenez do ser humano imperfeito. Provérbios dão-nos o mote para o nosso comportamento e o Eclesiástico é para mim, a continuação de Provérbios de uma forma ainda mais estruturada e objectiva. E a minha sede voltou a ser saciada. Agora senti que o foi de uma forma mais profunda.

Mas como ser humano que sou, passei a minha vida (e continuo) a cair e a levantar-me. Passei a vida a encontrar-me com Deus e a abandoná-lo. A arrepender-me e a re-encontrá-lo. A pedir perdão e a cometer os mesmos erros. A acreditar que Deus entende e por isso me castiga, me deixa cair, me deixa sofrer, me deixa sem forças... E eu, eu na minha pequenez humana tantas vezes tenho vontade de desistir, desistir de tudo, até mesmo da vida...

Domingos António Cabral
Retalhos da minha vida