No Verão dos meus tempos de meninice, por volta das 06h30 lá ia eu da Rua de São Dinis até è rotunda da Boavista a pé, com a minha mãe e aí apanhava o eléctrico para a Foz. Saíamos na Praia do Molhe, era o nosso destino.
Depois de quase 2 kms a pé, esperávamos cerca de 10 minutos pelo eléctrico e a bordo seguia-se um quarto de hora pela Avenida da Boavista, Castelo do Queijo e Avenida Montevideu.
Confesso que gostava da praia, principalmente na maré baixa com os rochedos à vista e as pequenas poças onde eu chapinhava na água salgada. Mas era a viagem de eléctrico a parte mais emocionante. Aquela imensa Avenida da Boavista, com as árvores a passarem por nós em sentido contrário, os casarões enormes com grandes muros e portões altos de ferro e o Sol que naquela Avenida tinha um brilho especial... Era outro mundo, muito diferente do local onde eu tinha nascido e morava.
Por volta do meio dia iniciava-se o percurso inverso e eu aproveitava todos os minutos a bordo do eléctrico, porque sabia que chegados à Boavista iniciar-se-ia a parte mais dolorosa do dia. É que com o Sol de Verão mesmo por cima das nossas cabeças, as temperaturas subiam muito, não havia sombras e a frescura física matinal também já tinha ido... A Avenida da França era, aquela hora, muito mais longa e o Carvalhido parecia que se movia na nossa frente para não ser alcançado... Mas quando ultrapassado, ainda restava a subida da Rua da Natária e parte da rua de S. Dinis...
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