«Nunca reveles os teus sonhos.»
Já tinha ouvido este conselho, se assim o podemos chamar, mais do que uma vez. O que me foi transmitido é que as pessoas podiam invejar-me e impedir o sonho de se materializar. Mas como eu valorizo pouco essas coisas do mau olhado, não prestei grande atenção.
Foi então que um dia me propuseram para uma tarefa que prontamente aceitei e passado pouco tempo, confessei mesmo a quem me convidara que era algo que me dava imensa satisfação fazer.
Desde esse dia, as dificuldades para executar as minhas funções, não só essa, mas essa também, aumentaram significativamente. Pedi ajuda diversas vezes e apesar de todos me dizerem que sim, ninguém me ajudava. Fiquei um pouco confuso sobre quais os objetivos de uma equipa que isola um dos elementos e, usando uma expressão do futebol, «não lhe passava bola».
Não demorei muito a perceber que não era bem vindo, não só na equipa, mas no clube em geral. Nos adeptos havia uma divisão entre os que me apoiavam e os que eram contra. Mas o golpe veio da própria equipa que tudo aproveitava para me culpar, embora nunca ninguém tivesse sido capaz de me apontar uma só falha. Para cúmulo, o treinador embarcou e publicamente desvalorizou todo o meu trabalho e foi mesmo mais longe quando me avaliou, sem sequer se ter informado a meu respeito.
Seguindo o meu bom senso, afastei-me. E depois de refletir um pouco, percebi que tudo havia sido meticulosamente planeado. Nada havia acontecido por acaso. Desde o dia em que aceitei o convite, eu havia entrado na «ratoeira». A minha boa fé havia-me traído. Tudo o que já me haviam acusado, injustamente, ficou claro para mim nesse momento. Ficou também claro o porquê de já em tempos passado ter sido confrontado com posições inquisidoras a meu respeito.
Hoje sigo só com o meu Deus e a minha família. Mais importante do que funções e clubes é a minha integridade perante o meu Senhor e a união da minha família. E sejam os clubes de futebol, de política ou de religião, nunca passarão de meras organizações de homens.
Nota do autor: Não foi num clube de futebol. Mas foi num «clube» que anos antes já havia rejeitado o meu filho e eu, confesso, nessa altura hesitei entre valorizar a análise dele sobre a má fé do que lhe fizeram ou se teria sido somente um mal entendido. Mas há «clubes» ou «sociedades», que cultuam homens e que são fechados a novos membros, embora preguem o contrário.
Domingos António Cabral
Retalhos da minha vida
autor de «O Olhar Da Vidente»
coautor de «Mudar Para Vencer!»
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