Independentemente da sua dimensão, as empresas são a imagem das pessoas que para elas trabalham, são os entendidos que o afirmam.
De facto, na gestão moderna, os recursos humanos são um fator que muitas vezes marca a diferença na performance das diversas áreas das empresas.
Nas certificações, nas políticas, nas agendas da gestão de topo é frequente usarem-se grandes parangonas elogiando os trabalhadores. Pena é que, grande parte das vezes, isto apareça porque as máquinas de marketing o impõem ou de uma forma mais simples, porque está na moda.
As gestões de topo clássicas têm necessidade de passar a mensagem a todo o mundo de que são leitoras assíduas das revistas da especialidade e que leem as obras dos mais conceituados analistas.
As gestões de topo clássicas raramente são capazes de mudar. Apesar das suas leituras, estão muito mais concentradas no seu umbigo.
Geralmente usam um gestor de recursos humanos como se de uma secretária se tratasse. É o clássico “testa de ferro”, excecionalmente bem pago para não ter vontade própria. Incompetente natural. Usa de cinismo, prepotência e arrogância. Usa técnicas de pressão psicológica quando alguém tenta exprimir uma opinião contrária. O mais caricato no meio disto tudo é que estando consciente de que o seu comportamento é errado, exercita de tal forma o discurso que acaba por ser o único a acreditar em si próprio.
Então as gestões de topo clássicas deixam andar, esquecem as teorias das revistas e dos autores consagrados por muito boas que sejam ou por muito convictos que estejam do seu valor e tudo vai por água abaixo. Evitam o mais possível o diálogo com as pessoas; chamando diálogo ao monólogo que insistem em ter sempre que há divergências. A insatisfação parece não as afetar, mas de facto, quando os resultados escasseiam, o seu desânimo torna-se transparente na sua expressão e não passa despercebido aos trabalhadores. O circulo de transmissão de emoções fecha-se e os desaires começam.
Muitas vezes, a situação só não toma proporções catastróficas mais rapidamente porque em todas as empresas há sempre um grupo de pessoas com amor à camisola, que vão remando contra a maré, pelo menos até serem atingidos por algum disparo das gestões de topo clássicas ou dos seus gestores de recursos humanos, desesperados por verem despontar outros com verdadeiras capacidades de gestão...
Domingos António Cabral
Retalhos da minha vida