segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Os bombons soldados

Foi no Natal de 2017 que compramos um saquito de bombons coloridos. Daqueles mais simples que me fazem lembrar os tempos de juventude em que não havia dinheiro para as caixas de chocolates sofisticados. Mas confesso-vos que ainda hoje, estes simples bombons de chocolate de leite são os que eu mais aprecio.

A minha mulher colocou-nos num pequeno bibelot que ela havia pintado. E cá em casa, todos achamos engraçado juntar os chocolatitos ao acessório de decoração. Dava cor e vida à mesa da sala.

Comecei a aperceber-me que o colorido ia diminuindo dia após dia. Mas nunca dei relevo a esse facto, até que um dia refleti e me lembrei que não havia comido nenhum bombom. Reparei então que restavam pouco mais de uma dúzia. Claro que só podiam andar a ser comidos pela minha mulher e pelo meu filho. E de repente surgiu-me uma ideia.

O máximo denominador comum restante das diversas cores era 3. Comi os dois que sobravam e alinhei os restantes, como se de um exército de bombons se tratasse. Lembrei-me mesmo do famoso quadrado da Batalha de Aljubarrota, tido como uma grande estratégia do Condestável, mas que eu, não sendo técnico militar nunca percebi muito bem.

Vejam a foto tirada no final de Janeiro de 2018 (nessa altura o nome dos meses ainda se escrevia com letra maiúscula, mas isto é só um detalhe).

E durante dias, semanas, meses ninguém mais ousou «atacar» os bombons. Até que um domingo à tarde, em família, eu me lembrei de os convidar para comer um. Mãe e filho entreolharam-se e sorriram, aceitando prontamente.

Então eu questionei-os porque não haviam comido a dúzia restante e entre risos lá confessaram que se sentiram intimidados pela disposição e por suporem que alguém os poderia estar a controlar.

Foi uma tarde divertida e lá se foi o quadro de Aljubarrota...


Domingos António Cabral

Retalhos da minha vida

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