sábado, 26 de janeiro de 2008

Viagem por alguns livros que me marcaram...

Além de gostar de escrever também gosto muito de ler.

As minhas memórias recuam a quando tinha cerca de 16 anos e um dia, descobri em "A Cidade e
as Serras" de Eça de Queirós, o poder que uma narração detalhada e por vezes fantasiada pode ter na nossa imaginação, levando-nos a conhecer terras que ainda não visitamos, a sentir os odores da natureza distante e sabores gastronómicos com os quais ainda não contactamos.

Com Soeiro Pereira Gomes, nos "Esteiros" primeiro e na "Engrenagem" depois, aprendi a sentir que para além das nossas amarguras há sempre alguém em situação ainda mais difícil e a sofrer mais.

Seguiu-se José Mauro de Vasconcelos com "O meu pé de laranja-lima" e novamente o sofrimento de uma criança amenizado pela bondade de um adulto solitário. (Como foi difícil para mim ler aquela pequena passagem da noite de Natal...)

Muitos outros livros se seguiram, muitos outros escritores com as mais variadas histórias. No iníco preferindo os portugueses da primeira metade do século XX e depois passando por alguns clássicos internacionais.

Estaria aqui o tempo todo a relatar livros que me marcaram, mas se calhar elegiria Eça como o escritor que mais me marcou e "O crime do Padre Amaro" e "A Relíquia", dois livros com os 
quais me identifiquei e nos quais encontrei semelhanças com algo porque passei. Por isso não podia deixar de os mencionar.

Ainda bem cedo, comecei a ler o livro mais lido no mundo, a "Bíblia Sagrada". O Novo Testamento e a sua mensagem de amor e confiança, de esperança e justiça, foi lido e relido e ainda hoje, cada vez que o abro e leio algumas passagens, descubro algo novo. O Antigo Testamento é mais técnico, por vezes mais relatador de acontecimentos passados, mas tem os Salmos, os Provérbios, o Eclesiastes e outros que nos alimentam e ajudam tantas vezes, principalmente quando os 
problemas desta vida terrena nos afligem. Enfim, a "Bíblia" é para mim, além de tudo, um livro onde existe sempre à nossa espera, uma mensagem de ajuda...

Mas não se fiquem pela leitura, sintam o frio da neve ou o calor equatorial das narrações, apurem os sentidos, sintam os cheiros da natureza e deliciem-se com as paisagens descritas. Libertem a imaginação e entrem nas histórias...

Nas fotos a minha modesta biblioteca.

Domingos António Cabral
Retalhos da minha vida

sábado, 12 de janeiro de 2008

Noite de Inverno

Está Inverno, algum frio, muita humidade no ar e alguma chuva...
Não apetece sair de casa. É mais agradável ficar por cá com as lareiras acessas, a televisão com o som baixinho e o rádio de comunicações ligado. Fala-se com os colegas que andam na rua e com aqueles que como nós preferem operar em base. Acede-se ao Echo-link e ouvem-se os Estados Unidos e o Canadá...

De repente lá fora a chuva volta e ouvem-se gotas de água a bater nos vidros das janelas. De vez em quando ouve-se o vento assobiar. Saboreamos o conforto e a temperatura amena do interior da casa. Bebem-se uns golos de um chá natural, quentinho e com muito açúcar...

Dá-se asas à imaginação e em vez de uma casa no meio da cidade, imaginamo-nos numa casa de pedra, no alto de uma serra... Interrogamo-nos se lá fora não estará a nevar.
Olhamos para o lado, para o monte da lenha e sorrimos; temos lenha suficiente para enfrentar a noite agreste que aí vem. Apesar do rádio estar agora silencioso, imaginamos alguém a informar-nos que os acessos à montanha estão bloqueados devido à intempérie. Rodamos o botão de sintonia e estacionamos na frequência amadora usada para colaboração com a Protecção Civil. Aconchegamos o cobertor que nos cobre as pernas e bebemos mais um pouco de chá...

O Tiago veio dar as boas noites e foi agora para a cama. Vai filho dorme bem. Pensa no conforto que temos dentro de casa e no frio que está lá fora. Não te esqueças de fazer as tuas orações e agradecer a Deus tudo o que nos dá... Que eu vou agradecer também estes momentos de sonho com os olhos abertos. Como é bom dar asas à imaginação e sonhar confortávelmente numa noite de Inverno...

Domingos António Cabral
Retalhos da minha vida